Ai vem a questão de porque temos receio em nos expôr? Eu tenho uma teoria: Quando escrevemos da forma mais aberta e verdadeiramente possível normalmente às pessoas identificam-se mais. Para mim é difícil falar sobre sentimentos (intensos) e quando colocamos isso de maneira simples muita gente se sentirá descritas naquelas palavras, naqueles sentimentos... Mas às vezes é algo tão profundo que não é todo mundo que admite. Quando leio um texto e “me vejo nele” minha primeira reação é a repulsa, por mais que o texto não seja especificamente para mim ou nem sobre mim, mas ninguém gosta de ver suas emoções escritas assim tão claramente para todo mundo ler. E chego até a fazer críticas aquilo que na verdade sou EU! Mas ai quando eu para realmente pra pensar vejo que “meu Deus, o que é que eu estou criticando essas ai são minhas atitudes, meus sentimentos, minhas emoções...). É muito difícil “ouvir” verdades que insistimos em esconder.
Por muito tempo escrevi e nunca mostrei a ninguém porque não tinha coragem, na verdade nem eu mesma relia meus textos com medo das minhas próprias críticas. Foi um processo lento e complicado conseguir publicar minhas palavras. E ainda hoje, toda vez que alguém ler meus textos fico com aquele friozinho na barriga, de montanha russa.
Então pensando sobre exposição e em conjunto sobre um texto que li do Moniot[2] que escreve sobre a “História dos povos sem história” e me veio a cabeça TLW (o que por sinal foi angustiante porque estava com mil trabalhos da faculdade para terminar e me deu vontade de ver algum eps. E não tinha tempo! Desabafo...). Neste texto do Moniot, ele coloca muito bem a forma como somos privados de determinadas histórias por imposição do etnocentrismo[3]. Muitas civilizações desapareceram, deixando apenas uma tradição oral (e as vezes nem isso), eu sei que pelo menos já é alguma coisa mas também é uma fonte muito falha em vários aspectos (não vou entrar profundamente neste assunto, porque seria capaz de escrever uma dissertação sobre isso, e acabaria saindo do Foco).
O que quero dizer é o seguinte, as “civilizações sem histórias” não podem ser consideradas apenas essas civilizações que já desapareceram. Isso ainda acontece, mesmo no nosso mundo altamente globalizado (com uma intensidade menor, Lógico!). Contudo ainda hoje tentam nos induzir, a ouvir, a ver, a agir da forma que o etnocentrismo julga ser adequado. Dificilmente conseguimos ter uma visão imparcial sobre uma cultura diferente da nossa.
Nosso “chip” já vem programado antecipadamente quando nascemos, e geralmente, liga um “bip” quando nos deparamos com algo exótico(estou usando o termo exótico, como algo diferente ao que “julgamos” normal). Mas o que podemos fazer? SIMPLES!! Desligar o “bip” hehe eu sei, eu sei, não é tão simples assim. Mas se tentarmos com certeza conseguimos. E isso digo por experiência própria, eu tive que desligar uns mil “bip’s” quando comecei a assistir TLW.
Eu ainda não sou ninguém, mas estou estudando para ser e quando isso acontecer, vou tentar não só escrever, mas também agir de forma a dar VOZ ativa aos “povos sem historia”. Tanto arqueologicamente falando como socialmente.
E fico muito feliz por assistir a uma série em que as atrizes não só interpretam seus personagens, mas que agem em suas vidas públicas em favor do que representam. Sendo pessoas de influência que se fazem presentes em assuntos “polêmicos”. Ajudando assim a dar força para uma causa que, por enquanto, tem pouca história (entendam, que quando digo pouco história me refiro a história relatada, descrita, publicada...).
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1 - http://thelword-blogfanbrasil.blogspot.com/2008/06/maternidade-lsbica.html
2 - MONIOT, Henri (1979): A história dos povos sem história in História: novos problemas. 2ª edição. Livraria Francisco Alves Editora. Rio de Janeiro.
3 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnocentrismo