Eu utilizei essas duas citações em um trabalho sobre impressionismo que fiz para disciplina de história da arte na faculdade. Estava meio sem inspiração esta semana, mas felizmente uma pessoa muito especial me deu uma “luz”. E ao reler essas duas frases, acabei tendo algumas idéias e desenvolvendo alguns pensamentos, que dividirei com vocês.
É um tanto obvia a correlação que tentarei fazer aqui. Afinal de contas, arte não significa apenas pinturas e esculturas vai, além disso. Como muitos dizem “a arte de interpretar” e não deixa de ser verdade, porque para mim toda forma de expressão e representação acaba por tornar-se arte (vou me ater aqui a formar de artes humanas, mas isso não quer dizer que considere certos elementos da natureza como arte também).
A arte, em si, não é algo que eu considere tangível para mim é um termo totalmente abstrato. Porque “arte” não é o quadro pintado, ou a escultura, ou o ator/atriz interpretando, a arte é o que esta por trás disso, é a energia criadora, é o que dá o “start” e assim materializa-se por meio de alguma forma de expressão. Vamos dizer que se a “arte” fosse uma pessoa moraria no mesmo ambiente do ID[3] (não sou muito fã de Freud, mas algumas denominações que ele atribuiu são até interessantes). Posso estar parecendo meio petulante ao dar minha própria definição de arte, e acho que sou um pouco petulante sim, mas se dissesse outra coisa estaria omitindo minha opinião!
No meu trabalho, coloquei um tópico sobre estilo individual e por ser algo intrínseco a arte, posso aplicar este conceito a “arte de interpretar”. E é aqui que a brincadeira começa... Aquelas duas frases explicam bem sobre o que eu quero escrever aqui! Um bom exemplo são as novelas, porque elas prendem tanto a atenção do telespectador, sendo que as vezes é uma simples representação de nossas tão “chatas” vidas (excluindo aqui novelas como Mutantes – Caminhos do Coração hehe)? Não seria um pouco mais lógico querermos ver coisas diferentes, e que nos afastassem da realidade? Afinal de contas, temos que vivê-la todos os dias e algumas vezes parece tão tediante. É impressionante a forma como certas pessoas se emocionam com determinadas cenas, e é provável que se algo parecido acontecesse ao lado delas na vida real nem dariam importância. Então o que tornaria especial coisas tão “simples”? a Arte! Aquela força que motiva a criação... (fiquei meio filosófica não foi?) e como a frase diz lá em cima “intensifica as vivências”.
Muitas vezes um simples olhar em uma determinada cena, nos provoca arrepios... Quem assiste The L Word sabe do que eu estou falando. Agora tem um detalhe, tem que saber o que se esta fazendo para conseguir incitar essa sensação. Por exemplo, se pegarmos dois casais, e colocá-los para encenar o mesmo ato pode acontecer do primeiro casal nos fazer chorar e o segundo nos fazer morrer de rir, porém tem um detalhe imaginem uma cena de DRAMA! Então provavelmente o segundo casal não conseguiu atingir o objetivo. Eu sinceramente acredito que as pessoas nascem com o talento de saber interpretar (mas calma, sobre isso eu vou falar mais adiante).
Até algum tempo atrás eu tinha a opinião fixa de que ator/atriz de verdade tinha que saber, atuar, cantar e dançar... Eu pensava dessa forma, porque tenho um amor incondicional por musicais. Mas hoje em dia eu estou aberta a novas concepções... (hehe). Mas falando sério, estou muito menos radical. E ter estudado sobre estilos individuais ajudou muito, a mudar minha visão. Querer que todo ator/atriz saiba atuar, cantar e dançar é o mesmo que pedissem ao Munch[4] que pintasse um Picasso[5]. Ele poderia até conseguir, mas não estaria sendo sincero porque não era o estilo de pintura dele. Cada um trás consigo várias experiências distintas e histórias de vida (a famosa “bagagem”) e é simplesmente impossível desassociar qualquer pessoa disso, ainda mais um artista de trabalha com os sentimentos super aflorados, tudo o que essa pessoa passou na vida vai influenciar diretamente na sua atuação. Existem atores/atrizes que conseguem atuar bem em qualquer papel, enquanto outros são de acabam ficando de certa forma “limitados” a apenas um gênero. As vezes é falta de experiência, ou até mesmo opção tem atores/atrizes que preferem direcionar a carreira em um determinado estilo.
Outra coisa que acredito é que as pessoas nascem com o “dom”, sei que isso pode soar como um determinismo, e realmente acaba sendo. Tem pessoas que podem fazer milhares de cursos, estudar nas melhores faculdades e não ser nem metade do ator/atriz comparado a uma pessoa que nunca fez curso nenhum. O que pode acontecer, é que quem fez certos cursos, adquiri técnica. Mas não quer dizer necessariamente que terá talento, eu acho também que tenho essa visão porque para mim nas artes (pintura) o estilo que mais gosto é o impressionismo, que é totalmente desprovido de técnica (foi um movimento que se contrapôs com o classicismo) pra mim a técnica não importa tanto, e sim a emoção!
Esse blog é sobre uma atriz que mostra claramente o que é emoção, o que é interpretar e de que forma isso pode nos afetar. Acho que não vou esquecer nunca a cena em que a Tina vai para a casa da Alice, depois de descobri que a Bete tinha traído-a e vai escrever no quadro o nome da Candance (vocês também sentem uma raivazinha ao dizer esse nome?hehe), caramba aquela foi uma das cenas mais fortes que eu já vi eu me senti tão mal, parecia que estava no lugar dela. Foi nesse eps. Que realmente comecei a dar valor ao trabalho da Laurel, porque até então eu ADORAVA a Bete e quando me senti com vontade de dar umas porradas nela, eu percebi o quão boa atriz a Laurel é!
É horrível pensar que, hoje em dia, muitos atores/atrizes fazem sucesso apenas por terem um rostinho bonitinho, e algumas pessoas podem até dizer que sempre foi assim... Mas não foi! Um bom exemplo é o Fred Astaire, ninguém venha me dizer que ele era lindo porque não era, mas mesmo assim fez muito sucesso e isso foi conseqüência do seu talento. Ao mesmo tempo que é horrível fazer observação, também me tranqüiliza saber que temos ainda (e espero que por muito tempo) atores e atrizes que fazem valer o termo “a arte de interpretar”. E a Laurel definitivamente faz valer este termo com maestria!
Pra tentar me redimir por não ter postado semana passada, vou deixar a indicação de um vídeo... Espero que vocês gostem e me perdoem pelo ENORME atraso.
[1] Berenson, B. Estética e Historia en las Artes Visuales, Trad. Luis Cardoza y Aragón, F.C.E. México, 1956
[2] BERENSON, B. Estética e Historia enlas Artes Visuales, Trad. Luis Cardoza y Aragón, F.C.E. México, 1956.
[4] http://www.munch.museum.no/
[5] http://www.malarze.walhalla.pl/galeria.php5?art=11