“Culto ao Herói”  

Posted by Lady Desdém in

Eu estava estudando para um trabalho de história da arte, quando um autor usou o termo “culto ao herói”[1] se referindo à mania que temos de “idolatrar” mais o pintor do que sua obra. E isso fica bem evidente, quando acontece um leilão de artes e basta dizer que um quadro é de uma das “tartarugas ninjas” (Donatelo, Rafael, Michelangelo e Leonardo[2]) para o seu valor subir escandalosamente. Sendo que às vezes a tela nem é tão representativa assim ou tem valores táteis frágeis, mas pelo simples motivo de ter sido pintada por um artista famoso seu valor de mercado aumenta.

Então eu comecei a pensar mais profundamente sobre esse “culto ao herói” e observei que não se aplica apenas à arte figurativa, hoje em dia fazemos muito isso com os atores e atrizes (personalidades em geral). Quando assistimos a um filme, seriado, novela... Nos afeiçoamos com um personagem e passamos a “adorá-lo” e instintivamente ou subconscientemente passamos essa “adoração” diretamente para o artista. E ainda temos a tendência de imaginar que a pessoa é igual ao seu personagem, e ficamos com aquela visão romântica[3] acerca da celebridade. A ponto de que se escutamos alguma noticia sobre ela que não nos agrada eticamente ou moralmente, nossa primeira reação é não acreditar e até mesmo defendê-lo, como se fossemos amigos(as) de infância. Nossa sociedade cria essa necessidade de termos um herói/heroína, alguém para nos espelharmos.

Imagino que todo mundo lembre a confusão (totalmente desnecessária) que aconteceu quando Sandy & Junior, ops, Sandy disse que não era mais virgem, parecia que o mundo tinha acabado, “meu deus Sandy não é mais virgem, como isso é possível”. Foi um verdadeiro circo, e simplesmente porque a mídia criou aquela imagem de “pura” em que várias adolescentes se inspiravam.

O ponto que eu quero chegar é o seguinte, NÃO, eu não sou contra o “culto ao herói”, não é uma coisa tão maléfica assim, mas eu sou contra se for feito de forma inconseqüente, sem fundamento apenas se baseando no personagem que aquela pessoa representa. Particularmente quando eu gosto muito de um personagem, transfiro minha simpatia para o artista e então eu vou atrás de informações sobre o mesmo (God Bless the Internet) e nessa busca ao ler sobre sua vida, carreira, ações... Minha simpatia pode aumentar ou cair por terra. E tento (é, “tento”, porque sou humana e tenho meus defeitos) não passar essa antipatia, que criei pelo artista para o personagem. Vou dar um exemplo pessoal, eu gosto muito de Kid Abelha, e ao pesquisar algumas coisas sobre a banda e a Paula Toller (vocalista da banda) percebi que ela não era bem a pessoa que eu imaginava. Admito que passei um tempo sem escutar suas músicas, mas depois de um tempo entendi que estava fazendo besteira porque não deveria deixar uma coisa afetar a outra e afinal de contas eu gostava das músicas.

Porém há alguns meses tive uma experiência contrária (felizmente). Quando comecei a assistir The L Word, eu gostava muito do casal Bete e Tina, mas não particularmente da Tina, achava uma personagem com pouca consistência apesar de admitir que era uma excelente atriz. Eu comprei as cinco temporadas e assisti ao longo de algumas semanas. Quando eu terminei de ver, estava simplesmente fascinada pela Tina, ela cresceu de uma forma impressionante, seu personagem ganhou coragem, substância, graça... E qual foi a minha primeira atitude? O bom e velho “culto ao herói”, no caso, heroína. Quando vi que minha admiração pela Tina tava passando para a Laurel, eu resolvi procurar na Internet sobre ela, saber o que fazia quando não era a Tina, como era sua carreira... E qual foi a minha surpresa? Ela simplesmente superou a Tina! Além de uma atriz maravilhosa, também é uma pessoa esplêndida e humana com ações surpreendentes (ainda mais no mundo em que vivemos hoje). Quem entra nesse blog e gosta da Laurel sabe do que eu estou falando. Artistas são pessoas que tem muita influência sobre a vida das pessoas, principalmente de seus fãns, e quando temos exemplos tão bons quanto os da Laurel (vocês já perceberam a simpatia com que essa mulher fala em entrevistas?)é gratificante (mas deixa isso de lado, que é assunto pra outro post).

Então é o seguinte “culto ao herói/heroína?” SIM, mas consciente, por favor!



[1] BERENSON, B. Estética e Historia en las Artes Visuales, Trad. Luis Cardoza y Aragón, F.C.E. México, 1956.

[2] Pintores da renascencia italiana. No caso de Donatello escultor

[3] 1. Movimento artístico iniciado na Alemanha no último quartel do séc. XVIII, que surgiu como reação contra os postulados estéticos do neoclassicismo e se caracterizou pela exaltação. 2. Romântico, devaneador. 3. Fantasioso. Dicionário Soares Amora.

This entry was posted on sábado, junho 07, 2008 at sábado, junho 07, 2008 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

5 comentários

Anônimo  

Carolzinha!!!!!!

Belo post... inteligente... bem articulado!!!!

Parabéns!

E seus posts serão muito bem vindos!!

beijos

6/07/2008

É isso aí...seus posts serão muito bem vindos e esperados...principalmente se for sobre a LuH...
Parabéns...foi muito feliz em suas colocações...

6/07/2008
Anônimo  

Ah, faltou dizer uma coisa:

aquelas notinhas de rodapé são um arraso!!!!!!!!!!!!

...chiquérrima essa menina!!!!!!!

hehehehehehe

6/08/2008

Nara: brigadão, fico feliz que vc tenha gostado. E pode deixar que vou me esforçar ao máximo pra sempre trazer coisas sobre a laurel.

Lezjou: Valewsss pela força, como já te disse tua opnião é muito importante até porque quando eu crescer quero escrever que nem vc :D uhauhahau
e puts, eu ADOROOOO nota de rodapé!uhahaua

6/08/2008
Anônimo  

Carolzinha, páre com isso!!!!


Quanto te devo depois dessa?!?! Isso vai me sair caro... kkkkkkkkkkkkkkk

6/10/2008

Postar um comentário

Pingar o BlogBlogs

pro seu blog